quinta-feira, outubro 02, 2008

DIVULGAÇÃO_Festival Y#06: Tiago Guedes e Maria Duarte > "Ópera" > 4.Outubro'08

copyright: paulo seabra

Sobre "Ópera":

A ópera, “a obra”, é uma aproximação a um espectáculo total, combinando música, teatro e dança. Mas combina-as segundo uma convenção de base, a de a narrativa ser cantada. E essa convenção é a mais eminentemente artificial.
Uma das particularidades dessa ópera a tantos títulos singular que é “Dido & Eneias” de Henry Purcell (1689) é que combina como nenhuma outra uma escala de câmara com a grande escala operática da sua exacerbação passional.
Este espectáculo construiu-se, foi-se construindo, sobre a ópera de Purcell. Mas chama-se Ópera e não “Dido & Eneias”.
“Dido & Eneias” era a matéria, o texto, libreto e partitura, para ser encenado e matéria a ser trabalhada, supondo a convenção própria da ópera – não a relegando para um elemento da base musical sobre a qual se constrói o movimento e a cena, as cenas, antes tornando presente essa convenção – e as possibilidades da sua escuta.
Como trabalhar em termos dramáticos e coreográficos a escuta? Como é que os criadores/intérpretes “escutam” e tornam essa escuta matéria da cena? Como tornar presente, omnipresente, o artifício da narrativa cantada? Como trabalhar uma retórica gestual “sobre” uma estética tão eminentemente codificada como a do barroco? Como dar a "escutar" uma ópera a um público que vem na expectativa de "ver" essa ópera ou de ver uma “coreografia” sobre essa ópera? Como confrontá-lo com uma encenação que segue, mas não literalmente, a narrativa que esse mesmo público pode seguir no libreto que lhe é entregue? O que pode o público imaginar de uma concreta ópera e o que lhe pode sugerir o que concretamente lhe é dado a ver?
Sobre as convenções da ópera e a narrativa do “Dido & Eneias” (narrativa dramática, musical e também coreográfica, que as danças e formas de dança são muitas na obra de Purcell), Ópera é uma proposta de transliteração, trabalho sobre e com diversas linguagens e idiomas, numa sucessão e sobreposição de artifícios.

Augusto M. Seabra


género: transdisciplinar / duração: 55 min. / classificação etária: maiores 12 anos



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